Os tubarões-baleia são os maiores peixes do planeta e estão fortemente ameaçados. Um novo estudo no Bird’s Head Seascape, na Papua Ocidental, mostra que 62% dos animais registrados apresentam ferimentos – em sua maioria causados pelo homem. As colisões com bagans (plataformas tradicionais de redes de elevação) e embarcações são particularmente comuns, enquanto o crescimento do turismo de tubarões-baleia traz riscos adicionais. A boa notícia: com simples ajustes nos equipamentos de pesca e nas embarcações, grande parte dos danos poderia ser evitada.
O que os pesquisadores descobriram
Entre 2010 e 2023, uma equipe internacional documentou tubarões-baleia na baía de Cenderawasih, em Kaimana (incluindo a baía de Triton), em Raja Ampat e em Fakfak – uma rede de 26 áreas marinhas protegidas. Por meio de foto-ID (padrões únicos de manchas), foram identificados 268 indivíduos; 98% dos avistamentos ocorreram na baía de Cenderawasih e em Kaimana. Mais da metade (52,6%) foi avistada novamente, incluindo um jovem macho registrado 34 vezes em três anos. Cerca de 90% dos animais eram machos, em sua maioria tubarões-baleia juvenis de quatro a cinco metros de comprimento.
Dos 206 animais documentados com ferimentos ou cicatrizes, 80,6% puderam ser atribuídos a causas humanas; 58,3% também apresentaram sinais de causas naturais (com múltiplas atribuições possíveis). Ferimentos graves, como cortes profundos, amputações ou traumas contusos causados pela ação humana, ocorreram em 17,7% dos casos. Mais comuns foram as escoriações não letais – por exemplo, provocadas pelo atrito com bordas de redes, outrigger ou cascos de barcos quando os tubarões-baleia sugam peixes-iscas nos bagans.
“As cicatrizes e ferimentos são em sua maioria resultado de colisões com bagans e barcos de turismo”, afirma o líder do estudo, Dr. Edy Setyawan (Elasmobranch Institute Indonesia). “As causas naturais têm um papel muito menor.”
Por que tantos machos jovens – e onde estão as fêmeas?
Os avistamentos concentraram-se quase exclusivamente perto dos bagans, onde os tubarões-baleia se alimentam de peixes-iscas como anchovas, arenques ou espadins – deslizando horizontalmente ou em posição vertical de “cabeça para cima”. De acordo com os dados de satélite, os exemplares adultos, especialmente as fêmeas, encontram-se com mais frequência sobre estruturas de águas profundas como cânions e montes submarinos e utilizam o oceano aberto, enquanto os machos juvenis preferem áreas costeiras ricas em plâncton.
“Os tubarões-baleia adultos – especialmente as fêmeas – utilizam frequentemente as águas profundas e seguem outras presas como o krill e os peixes de cardume”, explica o coautor Mochamad Iqbal Herwata Putra (Konservasi Indonesia).
Soluções simples com grande impacto
Como a maioria dos encontros ocorre nos bagans e o turismo está crescendo, os pesquisadores preveem mais ferimentos sem medidas de mitigação. São propostas pequenas intervenções de aplicação imediata: remover arestas afiadas em outriggers e armações de redes, tornar redes e plataformas mais seguras e estabelecer regras claras para barcos turísticos em áreas protegidas. Isso reduziria significativamente a formação de cicatrizes – e ao mesmo tempo garantiria o tubarão-baleia como recurso de longo prazo para comunidades e autoridades.
“Com pequenas modificações nos bagans – como remover arestas afiadas – podemos reduzir significativamente a taxa de cicatrizes”, afirma o Dr. Mark Erdmann (Re:wild).
Como os tubarões-baleia atingem a maturidade sexual tardiamente (até 30 anos), as populações recuperam-se lentamente. Por isso, medidas preventivas contra ferimentos evitáveis são ainda mais importantes – juntamente com um turismo que proteja os “gigantes gentis” em vez de colocá-los em risco.





